EXERCÍCIO 1- IVANA MOTTA

Universidade de Brasília 
Instituto de Artes Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas 
Linha de pesquisa: Cultura e Saberes em Artes Cênicas 
Orientador: Jorge das Graças Veloso Discente: Ivana Delfino Motta 


 DISCIPLINA: METODOLOGIA DE PESQUISA EM ARTES CÊNICAS
 DOCENTE: PROF. DR. MARCUS MOTA




 TESE DE DOUTORADO 

AUTORA: Thais Regina Santos Borges 
TÍTULO: Mulheres brancas, branquitude e afeto: Reflexões acerca de performances raciais e afetivas brancas, o sentir crítico e o fazer acadêmico
ORIENTADORA: Profª Dra. Adriana Nogueira Accioly Nóbrega 
INSTITUIÇÃO: Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem- PUC Rio 
 DATA DE DEFESA: Setembro/2022 
269 páginas

 Palavras-chave: Mulheres Brancas, Branquitude, Racismo, Performances, Raça 


 Debates centrais: A tese intersecciona reflexões sobre racismo e branquitude no contexto brasileiro imprimindo um olhar sobre o trânsito de mulheres brancas da classe média crítica no ambiente acadêmico, escavando percepções crítico-afetivas sobre o que significa ser branca no Brasil e onde mora o privilégio branco na trajetórias de vida das colaboradoras da pesquisa. A pesquisadora sinaliza que considera que mesmo em um ambiente crítico onde muitas vezes narram-se posturas comprometidas com o antirracismo e as transformações sociais e estruturais urgentes, a branquitude segue sendo um dispositivo de poder que atualiza o racismo em performances raciais e afetivas de mulheres do grupo racial branco, questão que desempenha um papel fundamental nesse processo O estudo identifica a continuidade de relações baseadas nas lógicas coloniais e, ao fazer uma análise interseccional gênero/raça, a autora desenvolve reflexões sobre a “síndrome da sinhá”, explicitando formas de agenciamento de recursos da branquitude em um contexto de racismo à brasileira para a manutenção de um lugar de superioridade auto intitulado e carregado de expectativas em relação aos “lugares” e comportamento de corpos/corpas subalternizadas de mulheres não brancas. No decorrer do trabalho, a autora expõe suas implicações no estudo, apresenta suas colaboradoras, faz um criterioso apanhado conceitual das bases de seus argumentos (branquitude, privilégio branco, pacto narcísico da branquitude, meritocracia, racialidade, racismo estrutural e institucional…) e defende a necessidade de letramento racial crítico que possibilite de fato atentar para as dinâmicas insidiosas da branquitude e do racismo e permita esperançar outros cenários.

Metodologias: Qualitativa-interpretativa da Análise de Narrativas (Bastos; Biar, 2015); Conversas exploratórias (Miller, 2003). (roda de conversa como ação; caráter performativo-discursivo que esses eventos discursivos têm no contexto da pesquisa enquanto processo investigativo crítico reflexivo) “Situo meu trabalho no campo da Linguística Aplicada INdisciplinar (moita Lopes et al 2006, 2013) e Crítica (Pennycook, 2001, 2004, 2008, 2021), trabalhando com uma visão performativa da linguagem.” 

Organização: A tese é dividida em introduções (assim nomeada pela autora), 4 capítulos, (com subcapitulos), conclusão e considerações (com 2 subitens), referências e anexos. (lista de figuras com 38 imagens) 

 Bibliografia: A tese se valeu de uma bibliografia extensa (226 referências, entre livros, teses, dissertações, artigos, entrevistas, material audiovisual, em português, inglês, espanhol). Chamou minha atenção o uso de vários materiais do mesmo autor ou autora (13 referências de Judith Buttler, 8 referências de Sueli Carneiro, 9 referências de Patricia Hill Collins…) dando a perceber que a pesquisadora de fato mergulhou mais profundamente na produção de intelectuais importantes para seus debates. 

 Despertaram interesse: 

 CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Sá da Costa, 1978 

 SOVIK, Liv. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2009. 

 MULLER, Tânia Mara Pedroso.; CARDOSO, Lourenço. (Orgs.). Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. Curitiba: Appris, 2017. 

COLLINS, Patricia Hill. Intersectionality as Critical Social Theory. Durham and London: Duke University Press, 2019. 



 TESE DE DOUTORADO 

AUTOR: Fernando Marques Camargo Ferraz 
TÍTULO: O corpo da dança negra contemporânea: diáspora e pluralidades cênicas entre Brasil e Estados Unidos.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Marianna F. M. Monteiro 
INSTITUIÇÃO: Programa de Pós-graduação em Artes - UNESP 
DATA DE DEFESA: 05/06/2017 
 369 páginas 

 Palavras Chave: Dança Negra, Diáspora, História da dança 

Debates centrais: A tese reflete conexões e distanciamentos entre fazeres dançantes brasileiros e estadunidenses em contexto afro diaspórico, visibilizando elos de uma herança africana movente presente nestes territórios. Por meio do diálogo com artistas negros/negras que fizeram intercâmbio entre os dois países em suas trajetórias, o autor investiga percepções sobre como estes/estas abordam conceitos sobre tradição arodescendente, agenciando noções de cultura popular e identidade negra em suas criações. O estudo também aborda as relações tradicionais-contemporaneidade, visibilizando como estes/estas artistas adentram os cenários contemporâneos da produção em dança no Brasil. Para o desenvolvimento do trabalho, o autor inicialmente traça um panorama crítico do setor institucionalizado da dança na cidade de São Paulo, local de origem do pesquisador e território onde atuou muitos anos como artista, no que tange à políticas públicas, modelos de editais, distribuição de recursos, disputas no campo artístico. Tendo como contexto o ambiente das políticas públicas de fomento à dança, a pesquisa instiga uma reflexão sobre as expectativas e entendimentos de dança contemporânea vigentes e como os mesmos desconsideram os fazeres dançantes afro diaspóricos, gerando cristalizações destas estéticas no âmbito do folclórico, étnico e/ou popular. Com esta realidade, artistas negros/negras que agenciam as heranças africanas em produções dançantes contemporâneas seguem excluídos/excluídas dos programas de fomento direcionados a este segmento, onde uma curadoria “especializada” limitada aos elementos euro referenciados destes fazeres informam e sustentam um mecanismo viciado de distribuição de recursos financeiros na área. Avançando em suas considerações, o autor debate as várias nomeações presentes no campo da dança, como elas são dadas, quem as valida ou invalida, problematizando, também por uma perspectiva histórica, os binarismos e cristalizações que circunscrevem percepções fixas de processos que, na verdade, são móveis e porosos. Nos apresenta uma perspectiva de entendimento das danças negras contemporâneas em uma compreensão plural que visibiliza as diversas articulações poéticas das experiências das negritudes. Sem desconectar os debates da dança dos contextos políticos e sociais do país, o autor traça reflexões ampliadas sobre o racismo presente no Brasil. Ampliando seu campo de análise, o autor segue trazendo uma perspectiva da black dance estadunidense por uma abordagem histórica entremeada de reflexões conceituais, nomeando figuras importantes, períodos significativos, obras, pedagogias e outros aspectos relevantes com referências arquivísticas e imagéticas de suas investigações em diferentes acervos estadunidenses. Posteriormente, o trabalho adentra densamente nos fazeres dos/das artistas investigados/investigadas, descrevendo aspectos dos encontros e entrevistas e visibilizando manejos diversos das experiências das africanidades nos fazeres poéticos/políticos destes/destas artistas das danças. Nas pontes entre os territórios do Brasil e Estados Unidos, o autor relata a experiência de 3 companhias de dança fundadas por brasileiros/brasileiras que atuam com corporeidades das danças negras contemporâneas em solos estadunidenses, interligando elementos artísticos em diásporas. 

Metodologias: Análise histórica e etnográfica. 

Organização: Divida em introdução, 3 capítulos (com subcapítulos), conclusão, referências bibliográficas (extensa lista de figuras, com 91 imagens).


Bibliografia: 82 referências entre livros, artigos, teses, dissertações, em português e inglês.


Despertam interesse:

CARVALHO, José Jorge. Metamorfoses das tradições performáticas afro-brasileiras: de patrimônio cultural a industria do entretenimento. Brasília, Série Antropológica, n.354, 2004.

 XAVIER, Evandro dos Passos. Companhia de dança afro Bataka: Ações Artísticas, Socioculturais e Políticas. São Paulo, 2011. 128 p. Dissertação (Mestrado em Artes), Unesp. 



DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 

AUTOR: Jadiel Ferreira Dos Santos 
TÍTULO: ÒKÒTÒ: Dança desobediente afrocentrada, caminhos para a formação em dança no ensino superior sob os estudos das relações étnico-raciais brasileiras 
ORIENTADORA: Prof.ª. Dr.ª Lenira Peral Rengel 
CO ORIENTADORA: Prof.ª. Dr.ª Amélia Vitória de Souza Conrado 
INSTITUIÇÃO: Programa De Pós-Graduação Em Dança - UFBA 
DATA DE DEFESA: 18/07/2018
247 páginas


Palavras chave: Formação em Dança, Relações Étnico-Raciais, Lei 11.645/08, Lei 10.639/03, Dança Desobediente, Racismo Institucional. 

 Debates centrais: Inicialmente, o pesquisador coloca suas implicações, partilhando sua trajetória artivista, seus enunciados sociais enquanto homem negro, LGBTQIAP+, periférico, suas experiências de racismo em seus trânsitos na arte e na vida. Tal movimento se torna importante pois apresenta estes como elementos constituintes de suas pesquisas. Ao focar a experiência pedagógica no ambiente universitário, faz uma análise contundente sobre as questões de racismo institucional-estrutural (in)visíveis e denunciadas na Escola de Dança da UFBA, a prática de professores/professoras conectados/conectadas a temáticas e práticas das negritudes, os posicionamentos dos mesmos/das mesmas em suas produções acadêmicas. Reflete como o ambiente, as relações, as estruturas e ações curriculares e extracurriculares podem visibilizar um (não) posicionamento da Escola diante do epistemicídio e racismo endereçado aos corpos negros/corpas negras ali presentes. Em um movimento de revisão histórica, a pesquisa registra importantes movimentos anteriores de artistas e poéticas negras neste espaço de formação. O pesquisador acessa suas vivências para nos trazer, em perspectiva interseccional, reflexões sobre agências, poéticas e enfrentamentos que atravessam corpos/corpas com enunciados que se aproximam dos seus presentes naquele espaço. Jadiel partilha sua proposta de uma dança desobediente ao colonialismo, machismo, patriarcado, capitalismo que se estrutura a partir das filosofias africanas e premissas de um fazer decolonial. Com um debate sobre processos cognitivos, corpo negro/corpa negra, ancestralidade, epistemologias de terreiro e os referenciais das leis 10.639/03 e 11.645/08, o autor registra a importância de uma pedagogia em dança antirracista que coloque a pluralidade do dançar como experiência fundamental nos ambientes formais de ensino. 

Metodologias: “Dança Desobediente Afrocentrada e a metodologia artística exuniana como um caminho decolonial e afrocêntrico em diálogo com o conceito de pesquisa-ação (THIOLLENT, 1986)”

“Pretendo fomentar provocações nesse amplo debate que é pesquisar em Dança, com um recorte especifico acerca de alguns princípios da filosofia africana dos povos iorubás com foco na mitologia de Exu, junto ao conceito de pesquisa-ação (THIOLLENT, 1986) e Molife K. Asante (2009) que pensa a afrocentricidade como princípio educacional em diálogo com Karenga (2003) quem sugere o Nguzo Saba (sete princípios), para pensar educação na perspectiva de uma dança desobediente afrocentrada.” (p.24)

 “…problematiza-se a falta de metodologias existentes para a pesquisa em dança com complexidade anunciada nesta pesquisa, onde os níveis de afetações entre o pesquisador e o campo de pesquisa rompem fronteiras sejam elas científicas ou acadêmicas do ponto de vista de métodos de pesquisa. Neste sentido, lança-se uma perspectiva de metodologias para dar conta das implicações surgidas ao longo desse processo/pesquisa.” (p.24)

Organização: Introdução, 5 capítulos (com subcapítulos), conclusão, 22 anexos. (lista de figuras com 5 indicações) 

Bibliografia: 121 referências entre livros, teses, dissertações, artigos (português, espanhol, inglês) 

Despertam interesse: 

MACEDO, Roberto Sidnei Chrysallis. Currículo e complexidade: a perspectiva crítico-multirreferencial e o currículo contemporâneo. Salvador: EDUFBA, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 

OLIVEIRA, Nadir Nóbrega. Agô Alafiju, Odara! A presença de Clyde Wesley Morgan na Escola de Dança da UFBA, 1971 a 1978. Dissertação, Escola de Teatro, 2006.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

pesquisa bibliográfica Revistas

Primeira Atividade - Dhenise Galvão